Placa Comemorativa da pedra fundamental do Pedagogium, destinada ao Dr. Benjamin Constant

Placa Comemorativa da pedra fundamental do Pedagogium, destinada ao Dr. Benjamin Constant
Com licença para mais uma das minhas apropriações, está placa também inalgurará meu Blog. hehehehehe. Detalhe interessante: O pedagogium abrigou em uma de suas salas os primeiros eventos da Academia Brasileira de Letras.

sábado, 25 de julho de 2009

Escrita em andamento...
























O texto contemplado na ultima aula do dia 14/07, “A construção do conhecimento sobre a escrita”, de Ana Teberosky e Teresa Colomer, vem complementar o texto abordado na postagem anterior, de Emília Ferreiro. Similarmente, as autoras pretenderam abordar a construção dos mecanismos de aquisição da leitura e da escrita tomando a criança como referencial.
A principio, o texto aborda o resultado de um teste com a menina Geovana, de 5 anos, mostrando como esta construiu de forma seqüencial a aprendizagem de seu nome, levando em consideração o seu conhecimento prévio e relacionando-o a novas informações.
Teberosky e Colomer entendem, como já abordado no texto anterior, que o ensino com base na perspectiva construtivista exige do professor uma atenção mais apurada da fala e da escrita da criança, mesmo as mais primitivas, no sentido de orientá-la de forma eficaz.
As autoras destacam também que existem aspectos regulares que ajudam a perceber em que nível a criança se encontra:
1) As crianças constroem hipóteses;
2) As hipóteses evoluem quando a criança entra em contato com materiais escritos ou leitores e escritores;
3) As hipóteses correspondem a respostas para os conflitos;
4) O desenvolvimento ocorre com base nos conhecimentos prévios.
A primeira diferenciação que a criança faz é entre os desenhos e os textos escritos e é a partir daí que vai iniciar as combinações de letras.
Nesta primeira análise, a criança não faz relação com o significado que a palavra apresenta, mas com a quantidade de letras combinadas, rejeitando agrupamentos com letras similares e colocando como parâmetro para legibilidade um numero de caracteres necessários (princípios de “quantidade mínima” e “variação interna” analisado na postagem anterior). As autoras deixam claro que estas hipóteses são elaboradas pelas próprias crianças, sem o ensinamento dos adultos.
As crianças, por volta dos quatro anos, já começam a imaginar significados para os textos antes mesmo de saberem decodificar os signos, mecanismo que já pode ser considerado para a alfabetização inicial. Da mesma forma, as crianças, num primeiro momento, passam a associar o texto escrito a nomes de objetos ou pessoas. Estas passando a diferenciar os desenhos, que mostram um objeto ou pessoa, da escrita, que dá significado ao que eles são.
Esta “hipótese do nome” mostra que as crianças à partir de dois anos já se utilizam das mudanças sintáticas para designar substantivos comuns e nomes próprios (com a utilização de artigos definidos e indefinidos), conteúdo que a escola trabalha de forma isolada e muito tempo depois. Nesse sentido, a interpretação da criança é elaborada a partir da identificação apenas do nome como o que pode ser escrito, só identificando os outros componentes gramaticais mais tarde.
Uma distinção elaborada pela criança é a distinção entre textos literários e não-literários, que faz com que adquira progressivamente o conhecimento de sinonímia, observada apenas na fase alfabética.
Um ponto destacado é que a criança não deve ser corrigida, pois estas formas escritas não se tratam de erro, mas de “questões conceituais” muito férteis para o trabalho do professor.
Em outro momento, a criança tenta coincidir a escrita com a fala tentando encontrar elementos escritos que se relacionem com a fala: as sílabas. Este momento representa um avanço no sistema de decodificação, encontrado na transição do nível pré-silábico para o silábico, em que o conhecimento é representado interna (representação cognitiva) e externamente (representação escrita), mas requer um esforço por parte do aluno para que o mesmo consiga fazer relações entre ambas.
Desta forma, as crianças começam a perceber as palavras gráficas, “unidades separadas por brancos” (TEBEROSKY & COLOMER, 2003, p. 59) antes mesmo de serem alfabetizadas, porém a idéia que ela mantêm sobre esta é diferenciada por este fator.
Identificar essas partes da unidade textual é uma articulação complexa, pois não falamos de forma separada e por isso a fala não poderá ser tomada como base, e, neste mesmo sentido, requererá do aluno uma certa prática para absorver esse conhecimento.
Um ponto importante destacado no texto é a concepção da escrita e da linguagem escrita. Inicialmente, a noção da escrita era a da transcrição dos sons emitidos pela fala. Entretanto, há uma argumentação atual de que esta é um “sistema de representação da linguagem com uma longa história social” (TEBEROSKY & COLOMER, 2003, p. 60), ou seja, um processo inserido e arraigado de um contexto social. Cabe ressaltar que tanto a escrita influencia a fala quanto a fala influência a escrita, sendo esta última paramentada na experiência do próprio falante.
A noção de palavra, como já mencionado, é limitada pelos espaços em branco e é definida graficamente, mas existem outros fatores que a influenciam e são aspectos “não-alfabéticos”, como a pontuação ou as letras maiúsculas. Esta é construída a medida que a aprendizagem vai se acontecendo.
Vigorou por muito tempo um embate entre métodos, fonético ou global, analítico ou sintético, mas, com a abordagem cognitivista, a análise passou dos métodos para os processos psicológicos. Ele pregava a necessidade de inicialmente aprender a decodificar os signos até conseguir a automação e depois ir para a compreensão do que se leu, remetendo a uma não integração desses momentos.
Já a perspectiva construtivista elabora seus trabalhos a partir da perspectiva da criança, sempre considerando suas práticas sociais e culturais, o que da mais sentido para a aprendizagem.
Por fim, as autoras ressaltam que a leitura e a escrita não podem ser consideradas e menos as crianças como agentes passivos nessa aquisição, mas para que este mecanismo evolua se faz necessário um ambiente que ofereça elementos para a leitura.
Nessa perspectiva, os conhecimentos já adquiridos servirão de base para a construção do conhecimento, construção feita pela própria criança. Numa perspectiva construtivista, a criança terá a oportunidade de entender qual é a função social da escrita, um artefato cultural com diferentes formas.
Muitas são as escolas que com seus materiais propiciam confusão as crianças, ao invés de aprendizagem. Mais do que isso, a escola precisa levar em conta na preparação do currículo oferecido todo o processo de aquisição da compreensão, entendendo que analises particionadas e progressivas sem um trabalho anterior representam uma aprendizagem mecânica e sem compromisso com o letramento.

Um comentário:

  1. A reflexão esta muito boa!! Senti falta de uma relação mais estreita com a realidade...

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