Placa Comemorativa da pedra fundamental do Pedagogium, destinada ao Dr. Benjamin Constant

Placa Comemorativa da pedra fundamental do Pedagogium, destinada ao Dr. Benjamin Constant
Com licença para mais uma das minhas apropriações, está placa também inalgurará meu Blog. hehehehehe. Detalhe interessante: O pedagogium abrigou em uma de suas salas os primeiros eventos da Academia Brasileira de Letras.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Preconceito Linguístico

Ao efetuar algumas buscas, me deparei com uma música incrível chamada “Língua”, cantada por Caetano Veloso e Elza Soares.
Esta música traz uma série de nuances sobre a língua portuguesa, mas no sentido mais amplo mostra as diferenças entre uma língua erudita e a linguagem popular e como as diferenças na língua portuguesa, em especial para a camada popular, são abominadas.
Isto aparece claramente quando diz que “criar confusões de prosódias, e uma profusão de paródias”, ou seja, uma mistura das diversas características da língua geraria uma série de produções artísticas diferentes ou a discriminação aparente quando diz que “Se você tem uma idéia incrível, é melhor fazer uma canção. Está provado que só é possível filosofar em alemão”, isto é, se você não é “alemão”, não pode filosofar: contente-se em fazer uma canção com a sua idéia incrível.
É isso, mais uma para podermos repensar a nossa prática (me incluo mais uma vez) e perceber onde estamos contribuindo para estereotipar uma educação de uma língua que exclui o que é diferente.



Língua – Caetano Veloso

Gosto de sentir a minha língua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódia
E um profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
Minha pátria é minha língua
Fala Mangueira
Fala!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
o que pode
Esta língua
(3X)


Vamos atentar para a sintaxe paulista
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Cadê? Sejamos imperialistas
Vamos na velô da dicção choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Hollanda nos resgate
E Xeque-mate, explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Sejamos o lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisa como rã e ímã...
Nomes de nomes como Scarlet Moon Chevalier
Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé, Maria da Fé
Arrigo Barnabé

Incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o recôncavo, e o recôncavo, e o recôncavo
Meu medo!

A língua é minha Pátria
eu não tenho Pátria: tenho mátria
Eu quero frátria

Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
Será que ele está no Pão de Açúcar
Tá craude brô, você e tu lhe amo
Qué que'u faço, nego?
Bote ligeiro
arigatô,arigatô
Nós canto falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem,que falem.

Educação e Regionalismo


O texto do Erik Jacobson, abordados nas aulas dos dias 16/06 e 23/06, traz a tona o bilingüismo, uma série de diferenciações na língua em termos regionais, em especial em nosso país que tem grande dimensão territorial. Isso exige do professor que execute “várias alfabetizações”, atendendo as especificidades do aluno e pensando nas múltiplas culturas e regionalidades encontradas em nosso país.
Nesse sentido, o professor precisa ter o domínio da prosódia, da especificidade da lingüística, diferenciando-a do que é dificuldade ou deficiência.
Com esta discussão, levantei a questão do gerúndio, que já foi uma de minhas postagens. O professor ressaltou que a colocação do gerúndio como vem acontecendo é um fator chamado funcionalidade da língua: essa referencia demarca uma característica da estrutura da fala, dada muitas vezes pela prática social, que é mais liberta em relação a escrita, modalidade que necessita de mais formalidades e regras.
A sugestão para se trabalhar em sala de aula feita pelo professor Ivanildo foi colocar como uma situação-problema, evidenciando as situações em que se pode falar de determinada forma ou não, para que os alunos construam esse conceito, internalizando-o. Ficou bem claro, nesse sentido que devemos abolir o preconceito lingüístico que ainda está inserido em nosso meio (me coloco no lugar *sorry*).
O texto destaca também que a construção de histórias com as crianças, mesmo estas não sabendo ler ou escrever, é uma prática importante para ampliar a se estruturar oralmente e estimular a criatividade. Nesse sentido, a prática da conversa na escola se apresenta como um artifício no sentido de que traz a realidade de cada aluno, que deve ser levada em consideração, mas não ser o único contexto.
Ao perceber as especificidades, regionais ou pessoais, dos alunos cabe ao professor modalizar a linguagem, adequar a linguagem aos contextos comunicativos daquela localidade. Os métodos também devem ser adequados. Por exemplo, ao procurarmos uma palavra nova no dicionário, além do seu significado devemos aplicar aquela nova palavra ao contexto para que a mesma adquira sentido. Assim, estaremos fazendo uma ampliação do vocabulário de forma eficaz.
Um exemplo que dei em aula foi o de minha aluna, Maria. Estávamos estudando a letra “x” e dentre as outras palavras apareceu a palavra “mexerica”. Assim que leu, Maria me questionou quanto ao que era. Rapidamente disse que era “bergamota”. Ela mais uma vez olhou pra mim sem entender. Então, eu peguei algumas mexericas que tinha levado para a aula e ela falou: “Ah, isso é tangerina!”. Então eu expliquei para ela para toda a turma que tangerina no sul do país era chamada de “bergamota” e que no norte era chamada de “mexerica”. Então comemos as frutas e se passou a aula.
Na hora do lanche, percebi que as crianças estavam falando das frutas que mais gostavam. Quando chegou a vez de Maria, ela disse: “Na verdade eu gosto mesmo é de me...me...(pensou mais um pouco)... mexerica!”.
Naquele momento percebi que ela havia internalizado aquela palavra, fazendo questão de mostrar o conhecimento adquirido. Este foi, na prática, o que podemos chamar de uma contextualização da temática abordada, o que ajuda e muito na questão da aprendizagem, pois torna significativa.
É isso ai, galera. Até a próxima...

Alfabetização Significativa


As aulas dos dias 26/05 e 02/06 foram baseadas no texto “Contexto de Alfabetização na Aula” de Ana Teberosky e Núbia Ribeiro, que já se inicia trazendo uma mensagem pontual que reformula, em sua grande maioria, as representações feitas sobre a alfabetização. Esta, segundo as autoras, não se dá assim que a criança começa a alfabetização, mas anteriormente a esta.
De acordo com os debates feitos em sala ficou claro que mundo em que estamos inseridos está a todo o momento apresentando estímulos escritos, sejam eles jornais, livros, cartas, receitas, que fazem com que a criança, de uma certa forma, já entre na escola familiarizada com os códigos escritos. Esse movimento que as autoras chamam de “noção intuitiva” não pode ser descartada, mas ao contrário, deve se trabalhar sobre estas noções.
Ao vivenciarmos o cotidiano de algumas crianças em fase de alfabetização percebemos que a maioria faz distinção entre o que são letras e palavras dos números ou fotografias. Um exemplo vivido foi o de um aluno meu que disse rapidamente quando perguntei o que era o alfabeto: “são as letras, mas os números não são letras”. Percebe-se que ele sabe exatamente distinguir as letras e os demais códigos, sejam eles pictóricos ou numéricos, mesmo que não saiba decodificar ainda todas as palavras escritas.
As autoras ressaltam também que, além das formas escritas, as crianças recebem informações de fontes variadas, sejam elas com a interação entre eles mesmos, ou na interação com o adulto, tomando-o, muitas vezes, como referência da aprendizagem. Nós, enquanto professores, percebemos em muitos momentos como a nossa presença enquanto adultos influenciam as crianças e, de certa forma, necessitamos criar o hábito de influenciá-las de forma positiva. Outra fonte importante é a família, e, nesse sentido, fica claro que a situação social e as características particulares da mesma vão influenciar diretamente na bagagem cultural e nos hábitos que cada criança traz consigo. Isso não significa, segundo a vertente construtivista levantada pelo texto, que estas crianças são inaptas a serem alfabetizadas, ao contrario, tem as mesmas possibilidades que as demais, bastando serem estimulados satisfatoriamente.
É válido refletirmos que a aprendizagem que pressupomos é uma aprendizagem concreta, interiorizada e significativa, e não uma aprendizagem mimética. Então, ao nos reportarmos ao texto, percebemos que esta aprendizagem pode ser acontecer utilizando-se de vários métodos diferentes. Na realidade, o que cabe ao professor é proporcionar um ambiente alfabetizador, instigando o aluno a aprender, sendo, desta forma, o mediador entre o educando e a aprendizagem: aquele que propõe que a própria criança adquira seu conhecimento, instigando-a, provocando-a, e não dando as respostas prontas.
Desta forma o uso de diversas formas de literatura, como já foi mencionado neste blog, é de extrema importância para alcançarmos nossos objetivos. Diferentes tipos de textos e sua funcionalidade, trabalhar a oralidade ligada aos textos escritos, associar atividades a funcionalidade do texto são alguns tipos de exercícios com estes objetivos. A leitura, em muitos aspectos, deve ser dialógica, uma leitura que envolva o diálogo e promova a troca de idéias entre os participantes da atividade.
As atividades de leitura feita por adultos em voz alta, por exemplo, servem também para a ampliação do vocabulário da criança, quando as mesmas identificam uma palavra que não pertence ao seu uso, elaborando o exercício da sinonímia, que é a substituição da palavra por uma outra de mesmo significado, fazendo com que compreendam melhor os textos que se seguirão.
Seguindo-se a esses exercícios, percebemos que a escrita deve ser concreta visual, precisando de uma “superfície material” (p. 60) para acontecer. Uma das formas de aprimorar a escrita é fazer com que a criança escreva textos lidos em voz alta, que apresentando aos alunos os modelos de escrita e seus aspectos gráficos, fazendo com que aprendam a resolver problemas de escrita, com o auxílio do professor.
Elaborar cartas e bilhetes, que é um tipo de texto funcional, também ajuda na estimulação para a escrita e mostra como a escrita é importante para a vida em sociedade. A escrita autônoma auxilia a criança a elaborar seu próprio sistema de raciocínio da escrita. Se for dada em pequenos grupos, esta auxilia na questão da troca de informações, o que é de grande importância para aquelas crianças que ainda estão aprimorando a escrita.
Como ressaltado em sala de aula, existe hoje uma alienação pela das crianças no que concerne a leitura e um dos meios de alienação é a televisão, que propõe estímulos visuais e auditivos e não requer esforço para a recepção de informações. Uma barreira a se romper é fazer com que a prática de leitura e escrita se tornem prazerosas da mesma forma e ganhe o interesse das crianças.
Desta forma, está caracterizada que o ensino da leitura e da escrita se encontra dentro e fora da escola e que devemos, como as autoras explicitam, considerar a “alfabetização como um contínuo” um processo amplo e que, por esse mesmo motivo, nos dá bases para ampliarmos ainda mais a nossa prática.

Levando Para a Prática



Decidi levar os estudos relacionados a Oralidade e Escrita para a sala de aula, sugerindo que fizéssemos um esquete em sala de aula, onde vivenciaríamos dois momentos distintos, mas que infelizmente não pude gravar: O primeiro aconteceria no encontro de um aluno com uma personalidade importante, o qual foi escolhida por todos, e o outro seria o encontro informal entre dois amigos. Foi escolhida a personalidade: o presidente Lula, interpretado por Daniel, e o aluno seria Paulo Ricardo. No outro módulo seriam as próprias crianças, Maria Eduarda e Felipe.
Para fazer o script, inicialmente coloquei a necessidade de determinamos um assunto. Para o primeiro caso, ficou colocado que o assunto seria relacionado a destruição da floresta amazônica, e no segundo seria um passeio ao shopping.
No momento de escrever as falas fiz uma problematização, perguntando se a forma como falaríamos no segundo teatro seria igual ao dá primeira. Todos eles concordaram que não. Então pedi para que eles me dissessem qual seria a diferença entre os diálogos. Eles ficaram em dúvida. Desta forma, pedi para que eles pensassem como falam com o colega e se deveríamos falar da mesma forma com uma pessoa importante. Então, foi levantando a questão de que não deveríamos falar de qualquer forma com pessoas importantes, mas atendendo a uma certa estética da fala.
Então, elaboramos as falas e levantei uma nova questão: como vão acontecer as falas, todas ao mesmo tempo? A resposta foi que cada fala aconteceria na sua vez, pois se acontecesse juntas “ninguém entenderia nada”.
Então elaboramos da seguinte forma (idéia deles):
Presidente Lula: “Olá menino, como você vai?”
Paulo Ricardo: “Olá Presidente, eu vou bem, e o Senhor?” (trocamos o “você” pelo “Senhor”)
PL: “Soube que gostaria de falar comigo... O que e?”
PR.: “Sabe, Presidente, existem algumas pessoas na Amazônia que querem derrubar as árvores, mas se isso acontecer, nosso ar vai ficar cada vez mais sujo”.
PL: “É verdade?! Vou mandar aos policias para prender esses homens maus!”
P.R: “Obrigado, Presidente, o Senhor Está salvado o nosso planeta”.

A segunda se deu da seguinte forma:
Maria Eduarda: “E ai, Felipe?! Eu tô indo pro shopping... Você quer ir comigo?!” (perguntei se seria conveniente usar o “você” ou o “Senhor”,e, por consenso, decidiram que você era apropriado, mas que se fosse uma pessoa mais velha deveria usar o “Sr”)
Felipe: “Não sei... Eu peguei a gripe suína... fiquei muito gripado!” (Meus alunos sempre atualizados! rs*)
MA: “Mas você parece bem melhor!”
F: “Então, ta!”

No fim, levantei a questão de que existem diferenças entre as falas formais e informais, e, além disso, foi bem divertido para eles.

Oralidade e Escrita


O estudo do texto “Oralidade e Escrita”, de Leonor Fávero, Maria Lúcia Andrade e Zilda Aquino, aconteceu como uma proposta de trabalho interessante feita pelo professor Ivanildo para a turma. Esta proposta consistia em fizermos um trabalho em dupla que seria avaliado por uma outra dupla de alunos e pelo próprio professor, sendo posteriormente reenviado a nós para modificações, seguindo a linha da avaliação formativa e processual. Da mesma forma, a minha dupla avaliaria um outro trabalho, fazendo com que todos trabalhem como elaboradores e avaliadores. Como era um trabalho elaborado demandou duas aulas (12/05 e 19/05), mas acredito ter sido muito produtivo.
Apesar de se relacionarem intimamente, a oralidade a e escrita se compõem de estruturas e características bem distintas, sem que, no entanto, uma seja superior ou inferior a outra. Essa postura de desmistificar a relação de inferioridade da fala frente a escrita é uma tendência que só ganhou força no século XX, segundo o texto.
Desta forma, a fala não se caracteriza como “o lugar do erro”, mas como uma vertente de critérios diferenciados aos da escrita, sendo esta de suma importância para a construção gramatical, pois é através deste mecanismo que o aluno chega na sala de aula com a estrutura sintática já elaborada.
Nesse sentido, estudar a fala nos impele a mostrarmos aos nossos alunos a variedade de usos da fala, para que os mesmos entendam que a língua não é um artifício estático, mas que se pressupõe de uma série de níveis (formal e informal) e modalidades (escrita e falada), para que os mesmos se tornem “poliglotas de sua própria língua” (FAVERO, p. 12)
Através disso, o texto nos apresenta que a atividade conversacional seria constituída por no mínimo duas pessoas que interagem “idéias” em uma comunicação. Essa comunicação aborda assuntos do nosso cotidiano. Podemos citar como exemplo de atividade conversacional, o bate-papo via internet, telefone, oralmente “face a face”, entre outros.
O texto faz duas definições para caracterizá-la, a conversação simétrica e a assimétrica. A primeira seria a participação “intensa” e constante dos envolvidos na comunicação, não há uma relação explícita de poder, nenhum interlocutor dirige a conversa, podendo mudá-la a qualquer momento informalmente. Usamos como exemplo, um bate-papo, descontraído, em um barzinho com amigos.
Já o segundo, consiste na relação de poder sobre um dos interlocutores, este determina toda a seqüência, pré-determinada, da conversa. No entanto, não significa que as outras pessoas envolvidas não possam intervir, com cautela, na conversa. Os congressos e palestras são exemplos típicos de conversação assimétrica, onde o palestrante é o mediador formal.
Os autores trazem o modelo de organização conversacional exposto por Ventola que consiste em uma organização da conversa espontânea entre os interlocutores. Essa organização seria basicamente sobre o assunto abordado, cabendo aos participantes saber se a conversa era formal ou informal. A situação da conversa também é sinalizada por Ventola, é importante saber qual o motivo da conversa, o tema e seu objetivo principal.
O papel de cada interlocutor, também é destaque, qual o papel que estes desempenham na comunicação, podemos saber a partir da descoberta dos itens já descritos acima.
Por fim, o meio da comunicação, como esta se dá de fato. Oralmente, internet, entre outros. Usamos como exemplo, uma palestra sobre formação contínua de professores na UERJ. Essa conversa seria formal, mediada por um palestrante (interlocutor), o tema da palestra é formação continuada de professores e tem como objetivo principal, a reflexão dos docentes para esse tipo de formação, que é muito importante para a reciclagem deste profissional, mas está se limitando a conversas vazias, vindas sem as discussões dos atores em questão. O meio utilizado, seria o oral.
Numa síntese de Dittmann, trazida pelo texto, a comunicação é constituída por pelo menos dois interlocutores, a conversa é criação coletiva e se organiza durante a comunicação dos envolvidos. Quando duas pessoas conversam, por exemplo, acontece a interação entre ambas, que interpretam e interferem uma na fala da outra, a partir de assuntos de prévio-entendimento dos envolvidos.
Há, nesse sentido, a ocorrência de pelo menos uma troca de falantes: durante a conversa deve haver um envolvimento, uma interação entre os participantes, visto que um monólogo não pode ser considerado uma conversa. Assim, a troca de informações e idéias é de caráter central do desenvolvimento da comunicação.
 Presença de uma sequência de ações coordenadas: é necessário uma organização para a manutenção de uma comunicação compreensível e plausível, onde deve haver uma coordenação de esforços para se atingir a um objetivo em comum.
 Execução num determinado tempo: seriam os cortes, interrupções, retomadas, etc. O assunto em si.
 Envolvimento numa interação centrada: seria o conhecimento prévio ou não dos interlocutores, que possibilitará o desenvolver da conversação..
Segundo o texto existem dois níveis em que a fala se estrutura. No que diz respeito ao nível local, podemos considerar que a conversação está baseada em turnos alternados entre os interlocutores e que esses turnos estão condicionados aos seus pares, como é o caso de perguntas e respostas.
Vejamos o exemplo:
Juca: Você jogou futebol na casa do seu primo ontem?
Dudu: Joguei e marquei 3 golaços!
Juca: Foi porque eu não estava no time contra...

Já no nível global, pode-se haver o mesmo tipo de organização local, porém a temática poderá ser ampliada de acordo com a vontade dos participantes da conversa, como neste caso:
Juca: Você jogou futebol na casa do seu primo ontem?
Dudu: Joguei e marquei três golaços!
Juca: Mas e o seu tio, não tinha sido atropelado?
Dudu: Pois é. Os médicos fizeram uma operação onde quebrou, mas já está fora de perigo. Logo, logo deve estar em casa...

Os autores também apresentam que na fala existe um tipo de coesão, e nesse sentido, apresenta os tipos:

 Referencial: na fala ocorre a repetição de algum item do texto como facilitador de sua organização no sentido de não perder a temática do turno, conforme podemos verificar abaixo:
Já estava chegando em casa quando vi uma moto... uma moto com um cara esquisito todo de preto... então não quis correr, mas tive muito medo de passar por ele.

 Recorrencial: ao invés de repetir o item que se quer destaque, acorre a substituição do mesmo por um item similar e mais explicativo, como no trecho a seguir:
Juca: Como pode gostar desse desastre?
Dudu: Esse time ainda vai ganhar o campeonato... você vai ver!


 Seqüencial, que utiliza conectores que vão dar um ar de continuidade os texto.
Juca: Estava acostumada com a minha “amiga” perto de mim, então...
Dudu: Então...
Juca: Isso mesmo, então ela voltou pra casa de férias...
Dudu: Pois é...

Conforme o texto, relacionado ao texto falado, turno seria a fala seqüenciada em uma conversação, ou seja, o produto de um interlocutor enquanto este detem a vez em uma conversação, até mesmo os momentos de silêncio ou falas rápida. Teoricamente estes turnos deveriam obedecer uma seqüência, mas isto nem sempre acontece, podendo haver sobreposição de turnos. Vejamos abaixo um exemplo de alternância de turnos:
Juca: Mãe, onde foi parar a minha mochila?
Mãe de Juca: Não sei... deve estar onde você guardou...
Juca: Qual é, mãe, me ajuda a procurar...
Mãe do Juca: Nem pensar... você deveria cuidar melhor das suas coisas.
Juca: Ahhhhhhh...

Uma outra característica do texto falado é o tópico discursivo que, de forma simplificada, seria a temática do turno dada de comum acordo entre os interlocutores. Este, apesar de estruturar o texto, pode sofrer modificações imprevisíveis ao longo da conversação, podendo estar retomando uma situação explícita ou de forma implícita.
No exemplo abaixo temos um diálogo onde o tópico seria “lembranças da infância”:
Mãe de Juca: É... era muito bom no meu tempo de menina...
Juca: Que nada... não tinha nem Playstation três pra brincar...
Mãe de Juca: Ai é que tah: nós brincávamos na rua e era muito mais divertido... Começava depois da escola e ia até a noitinha... Chegava toda suja em casa, mas estava feliz...
Juca: Agora a gente não pode mais fazer isso, né?
Mãe de Juca: O mundo está muito mudado hoje...

Em terceiro lugar destaca-se no texto os marcadores conversacionais, itens que tem a função de interação na fala e que podem estar presentes nas falas de quaisquer um dos participantes da conversa. Podem se destacar, nesse aspecto, tanto elementos verbais (ahn, viu, aí), quanto características na entonação (ascendente, descendente ou constante), pausas, tom de voz, dentre outros, e até mesmo, na conversação face a face, elementos gestuais.
Dudu: Acho que não vou mais ao cinema com você...
Juca: Ahnnnn?
Dudu: Fiquei com nota ruim no teste de português... Sabe como é, né? Corte de mesada... e mais...
Juca: Ai, ai, ai...
Dudu: é... Quebrei o vidro da janela...
Juca: ai não...

Por último, temos um elemento básico na interação conversacional que é o par adjacente. Este pode introduzir, dar continuidade, redirecionar ou modificar o tópico discursivo e é caracterizado por uma situação bipolar, como o de pergunta e resposta, mais comumente utilizado.
Pai do Dudu: Você viu o seu boletim este bimestre?
Dudu: Vi, sim, mas não gostei nada...